Educação
Passei um mês no Japão. As 11 colunas que publiquei aqui na Tribuna, esta é a décima segunda, me fizeram refletir sobre tudo o que vivi do outro lado do mundo. A conclusão a que chego pode ser expressa com uma única palavra: educação.
O motorista de ônibus alertando os passageiros sobre as ações do veículo, os pedestres que podem cruzar a faixa sem nem olhar para os carros, a contagem do troco em voz alta na frente do cliente, as máquinas de bebidas que ficam intactas nas ruas, a pontualidade dos trens, a atenção dos japoneses em ajudar um turista estrangeiro, a máquina que não conta as moedas para verificar se foi pago o valor correto da tarifa do ônibus e a extrema limpeza e organização das ruas. Não há mágica, nem segredo oculto. Tudo isso se deve à educação.
No meu último dia no Japão, no Aeroporto de Narita, aguardando o voo para os EUA, pensei em como foi fácil me adaptar a todos esses aspectos da vida lá. Os japoneses não pensam que seus políticos são eficientes, reclamam que o governo levou algumas semanas para conseguir organizar uma ajuda efetiva aos desabrigados pelo terremoto e tsunami de 11 de março de 2011. Mas nas regiões atingidas pela tragédia, o que ficou foram as marcas no coração das pessoas, pois a maior parte das marcas na terra já não existe mais.
No mesmo dia 11 de março de 2011, o litoral do Paraná foi assolado por uma de suas maiores tragédias naturais. É até vergonhoso para nós brasileiros compararmos o que o nosso governo fez para recuperar a área com o que os japoneses fizeram. Palavras como incompetência, ineficiência, morosidade e falta de vontade poderiam ser usadas. Mas tudo se resume à educação. Um povo bem preparado escolheria governantes bem preparados e como disse meu amigo japonês, todos sairiam ganhando. Eu testemunhei o que a educação fez pelo Japão e sigo com a esperança de que poderá fazer o mesmo pelo Brasil.
Comentário: Nas quatro semanas que passei no Japão, me senti em casa como nunca me senti no Brasil. A minha falta de flexibilidade e extremo respeito às regras são vistos como um exagero aqui na minha terra natal. Mas do outro lado do mundo, o meu pensamento é como o de qualquer cidadão comum japonês. O ideal seria nem cá, nem lá… mas o melhor de dois mundos.

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