Trem
Estava ansioso para viajar de trem. Quando decidi passar o fim de semana em Kyoto, antiga capital imperial do Japão, não pensei duas vezes. Minha vontade era ir de trem-bala, mas na cidade onde eu estava a primeira linha de alta-velocidade só vai chegar em 2014. Então comprei passagens para o trem-expresso, que não é tão rápido quanto o trem-bala, mas viaja entre 130 e 160 km/h.
Para minha sorte, no dia da viagem, encontrei uma de minhas professoras de japonês na estação e ela me ensinou a localizar a plataforma e o meu vagão. Fiquei impressionado quando vi aquele trem monumental chegando. É um verdadeiro biarticulado gigante, com muitos metros a mais de extensão.
E como em um biarticulado, um painel eletrônico e uma gravação anunciam a próxima estação e quando se está de uma. Da mesma forma que em um avião, uma “trem-moça” passa com um carrinho de comida, que não é grátis e não é nada barato.
Após uma hora de viagem, o trem parou em uma estação de um local famoso por águas termais. Os vagões foram tomados por idosos, todos muito animados. Nas duas poltronas da minha frente sentou um casal. Depois de algum tempo, a senhora olhou para trás e perguntou se o marido dela, que estava na minha frente, poderia reclinar um pouco a poltrona. Eu imediatamente respondi que sim e pensei nas vezes em que fui quase esmagado aqui no Brasil com passageiros que reclinam a poltrona sem se importar com quem está atrás.
Dois dias depois, no meu retorno de Kyoto, fui testemunha de algo raro no Japão. Estava aguardando a composição chegar à plataforma e o alto-falante anunciou que o trem se atrasaria em cinco minutos. Pouco depois, foi anunciado que o trem chegaria dez minutos atrasado. Os japoneses se entre olharam e alguns já começaram a resmungar. O trem chegou vinte minutos atrasados. No Brasil, seria equivalente a uma hora de atraso para embarcar em um ônibus.
Comentário: Fiquei fascinado ao viajar de trem. É muito mais confortável que um avião e não tem o sacode dos ônibus. Na estação de Kyoto, enquanto eu aguardava o trem, cedi o lugar no banco na qual estava sentado para um grupo de senhoras de kimono. Elas agradeceram repetidamente e ficaram impressionadas com a atitude deste “estrangeiro”. Os japoneses não costumam ceder o lugar, pois nem olham para o que está acontecendo ao redor.
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