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Trânsito

Não há quem não se estresse com o trânsito atual. E ainda há um complicador, parece que os motoristas não estão gostando de respeitar a lei. Curitiba, por exemplo, é quase a capital mundial da não utilização da seta. Não pense que o trânsito flui com perfeição no Japão, há congestionamentos iguais aos nossos, mas existem detalhes que fazem toda a diferença.

Logo de cara, ao atravessar uma rua de mão dupla, tive que me acostumar a olhar para o lado oposto ao que nós olhamos, afinal o Japão segue a mão inglesa. Também é estranho sentar no banco do passageiro da frente do lado esquerdo do veículo.

Nos primeiros dias, ao cruzar uma rua sem sinaleiro, eu olhava para os dois lados para ter certeza que nenhum carro me atropelaria. Um costume genuinamente nosso, já que aqui os motoristas não são amigáveis com quem está a pé e a faixa de pedestres é quase um enfeite. No Japão, dá para cruzar uma faixa de pedestres de olhos fechados. A partir da minha segunda semana lá, eu já nem olhava para os carros. Colocava o pé na faixa e seguia direto.

kanazawa_rua1Outro detalhe que me chamou a atenção foi como os motoristas japoneses pouco mudam de faixa. A avenida perto de onde eu estava hospedado sempre tinha uma fila de carros no lado direito, pois na faixa da esquerda era obrigatório virar, então, como a maioria dos carros seguia reto, ninguém passava pela faixa da esquerda.

Aqui me perguntaram: e como é a Lei Seca no Japão? Mais severa que no Brasil. O motorista é obrigado a fazer o bafômetro, nenhuma quantidade de álcool é aceita e se estiver bêbedo os outros ocupantes do carro também são presos como cúmplices. Por isso, no dia do happy hour, o japonês vai de transporte coletivo ou táxi para o trabalho, pois ele sabe que naquela noite vai beber e não poderá dirigir.

Isso gera uma estranha estatística. No Japão, a probabilidade de você morrer ao escorregar em uma banheira é maior do que a de ser atropelado por um motorista bêbado.

Comentário: Uma cena que eu via diariamente da janela do ônibus me chamou a atenção. Era impressionante a quantidade de gente tomando café dentro do carro. Obviamente não eram xícaras, mas copos fechados.