Nos últimos anos tenho lido bastante sobre o continente asiático. E, a cada dia, me convenço que os chineses têm razão em reclamar do tratamento que a mídia ocidental dá ao Oriente. Na eleição presidencial brasileira deste ano, uma frase foi muito utilizada: “não me meça com a sua régua”. É isso que temos feito com a China e outros países asiáticos.

Medimos a sociedade, a cultura e a formação desses povos com a nossa régua forjada através da cultura greco-romana judaico-cristã. Mas o cerne dos vários países da Ásia está no milenar império chinês, fortemente guiado pela filosofia confuciana, e no budismo. Por isso, precisamos de uma régua sino-confuciana hindi-budista. Enquanto os europeus não diferiam muito dos homens-das-cavernas, o império chinês já tinha uma sociedade avançada e bem estruturada, formada por servidores públicos altamente qualificados. Algo que a Europa só veria após a Idade Média.

O maior erro do Ocidente é tentar enfiar goela abaixo dos outros países a nossa “democracia”, um sistema que nem funciona direito aqui. Quem somos nós para criticar a China pela falta de liberdade de expressão, quando criamos um abominável sistema de liberdade de dono de imprensa, no qual países se tornam reféns de linhas editoriais que defendem os interesses de seus patrões e se prestam a subserviência do grande capital.

Presta-se muito pouco atenção nos números da China, que está promovendo a maior ascenção social da história da humanidade. Claro, com muitos prejuízos para o seu povo, a natureza e o mundo, mas uma nítida preocupação com sua nação que não se vê no Brasil.

Da mesma forma o Japão, um país arrasado pela Segunda Guerra Mundial, que em poucas décadas se transformou na segunda maior economia do mundo. E a Coréia do Sul, que após o fim do regime despótico do General Chun Doo-hwan transformou, em apenas três décadas, o seu sistema de educação em um dos melhores do mundo.

Infelizmente, para o Ocidente a Ásia praticamente não existe. No ensino médio, estudamos mais sobre a Guerra da Secessão dos Estados Unidos do que sobre a Guerra do Paraguai, que envolveu o nosso próprio país. Os nossos cinemas estão tomados por filmes norte-americanos e a televisão por assinatura brasileira é uma filial da massificação cultural americana. As pessoas torcem o nariz quando se fala em filme, música, livro ou outra expressão cultural do Oriente.

Creio que o primeiro ponto para tentar entender a Ásia é conhecer a sua história milenar, com isso, já dá para começar a tentar compreender melhor esse continente fascinante. Para ir além, só indo para lá. Penso que só assim é possível limpar nosos olhos Ocidentais para tentar enxegar a Ásia com olhos orientais. Eu ainda estou bem no início desse caminho, mas recomendo alguns livros para quem se interessa pelo continente asiático:

China: uma nova história, de John King Fairbank e Merle Goldman, da L&PM
Laowai, de Sônia Bridi, da Editora Letras Brasileiras
A Revolução Chinesa, de Wladimir Pomar, da Editora Unesp
Japan: its history and culture, de W. Scott Morton e J. Kenneth Olenik, da McGraw-Hill
Hiroshima, de John Hersey, da Companhia das Letras
Viva o grande líder: um repórter brasileiro na Coréia do Norte, de Marcelo Abreu, da Geração Editorial
Southeast Asia: past and present, de D. R. SarDesai, da Westview Press

Um pedaço da minha biblioteca sobre a Ásia. Ainda é só o começo…